Estrangeiro
Estrangeiro
Alma errante em terras distantes
Vago assim incessante
Estrangeiro
Ao longe observo navios de partida
Navios de chegada
Um leito sem fim
Um dia sem fim
Um cair de tarde paira sobre minha alma!
Alma clandestina
Alma peregrina
Alma estrangeira
Neste porto
Neste cais
Só eu mesmo ouço meus ais!
Ah! Até quando por Deus
Até quando
Sentirme-ei assim?
Esqueceste acaso tu de mim?
Dôce é a dor
Amarga os sentidos
Mas ao fim dôce é
Estrangeiro, perco-me de meu ser
De quem um dia fui, do que hoje sou
Ah! Risadas ecoam silênciosas
São companheiras do pesar de minha alma!
Percorrer, percorrer, percorrer....
Peregrino sempre
Uma saudade
Uma vontade
Uma louca necessidade
Oh! Que ser hediondo é o poeta
Sente, pondera, analisa, por fim escreve
Escreve, como se este trilhar alfabético lhe torna-se completo!
Completo de si
Completo da vida
Completo de ser
Ora, mas o poeta não vive!
Percorre estradas
Percorre jornadas
Percorre apenas!