Estrangeiro

Estrangeiro

Alma errante em terras distantes

Vago assim incessante

Estrangeiro

Ao longe observo navios de partida

Navios de chegada

Um leito sem fim

Um dia sem fim

Um cair de tarde paira sobre minha alma!

Alma clandestina

Alma peregrina

Alma estrangeira

Neste porto

Neste cais

Só eu mesmo ouço meus ais!

Ah! Até quando por Deus

Até quando

Sentirme-ei assim?

Esqueceste acaso tu de mim?

Dôce é a dor

Amarga os sentidos

Mas ao fim dôce é

Estrangeiro, perco-me de meu ser

De quem um dia fui, do que hoje sou

Ah! Risadas ecoam silênciosas

São companheiras do pesar de minha alma!

Percorrer, percorrer, percorrer....

Peregrino sempre

Uma saudade

Uma vontade

Uma louca necessidade

Oh! Que ser hediondo é o poeta

Sente, pondera, analisa, por fim escreve

Escreve, como se este trilhar alfabético lhe torna-se completo!

Completo de si

Completo da vida

Completo de ser

Ora, mas o poeta não vive!

Percorre estradas

Percorre jornadas

Percorre apenas!

Julia Lopes Ramos
Enviado por Julia Lopes Ramos em 28/12/2008
Código do texto: T1356606
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