Alkimia
© Dalva Agne Lynch
Presta atenção, meu amor, que vou contar-te uma segredo
Tão antigo quanto a Terra em que pisamos e que floresce
E floresce em segredo, escondida na mesma Terra
Em que pisamos. Presta atenção, meu amor, ao segredo
Da chuva que se forma nos céus, e cai sobre a Terra
E a fertiliza. A Terra é o útero da vida, meu amor
Onde o Deus Sol esconde a semente de vida das plantas.
Estás escutando, meu amor? É segredo.
Há quem contamine a Terra para que não floresça
E que contamine os céus para que não envie a chuva.
Por isto é segredo, meu amor, a ser sussurrado
A ser guardado, a ser passado de ouvido a ouvido
De coração a coração, para que não pereça
Não esmoreça sobre a Terra Mãe que protegemos
Sobre a qual gememos em temor que se revele
O segredo tão antigo quanto ela, onde pisamos.
É segredo, meu amor. Segredo como a planta nasce
Da semente escondida sob a Terra. Segredo do homem
Que se forma de maneira incompreensível, indiscernível
Dentro do ventre materno, escondido, secreto.
Segredo é a formação do fogo. A constituição da água.
A fórmula que faz com que o ouro seja mais brilhante
Do que o carvão da Terra, de onde ambos saem
Assim como as plantas, o ferro, os rubis, a prata.
Tudo isto é segredo, meu amor. Não contes.
Mas o mundo gira, meu amor. O mundo roda em espiral
E de repente o homem crescendo no ventre materno
E a semente crescendo no ventre da Terra Mãe
Deixaram de ser segredo. A fórmula de todas as coisas
É res dominium omni, e o segredo, meu amor,
Se foi com o vento que sopra agora sobre os edifícios
Sobre homens e plantas produzidos em laboratórios
Sobre ovelhas clonadas, perfeitos golems científicos.
O segredo, meu amor, da Terra Mãe e do Deus Sol
Das lágrimas da chuva alimentando vida e morte
Não mais existe para que o guardemos, e o sussurremos
E dancemos em círculos em seu louvor.
Mas não importa. Fecha os olhos e vem, meu amor,
Que vou contar-te o verdadeiro segredo.
É mais antigo do que os edifícios que nos cercam
E do que os homens e as plantas produzidos em laboratórios
E do que as ovelhas clonadas como golems científicos.
Vou contar-te o segredo de como o amor nasce
E nasce escondido na Terra fértil do coração dos homens
Incompreensível, incomensurável, secreto.
Estás escutando, meu amor? É segredo.
Há quem contamine os corações, para que não floresçam
E que contamine os corpos, para que não estendam a mão.
Por isto é segredo, meu amor, a ser sussurrado
A ser guardado, a ser passado de ouvido a ouvido
De coração a coração, para que não pereça
Não esmoreça sobre a Terra Mãe que protegemos
Sobre a qual gememos em temor que se revele
O segredo tão antigo quanto ela, onde pisamos.
O segredo do eterno amor que gera a vida
Além de toda possibilidade de conhecimento
Além de toda razão especulada pelo homem
Além do poder de toda sua mágica.
Este é o segredo, meu amor.
A energia por detrás de tudo
A força dentro do teu peito
O gesto na palma de tua mão.
Vem, meu amor.
Vou ensinar-te
O segredo.
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