O
que é o natal?Lembrança sideral?
Desde a pré-história
povos celebram
da natureza a glória.
Solstício,
sol bem longe do Ecuador,
fazia duvidar
do tempo benfeitor.
Uma árvore era queimada,
imolada
a algo superior.
Ser que cuidava da agricultura,
fertilidade, sobrevivência,
da arte e da ciência.
Com uma crença tão arraigada
O nascimento foi adaptado
ao que não podia ser mudado,
numa doutrina bem engendrada,
aliando o pagão ao sagrado.
Um pinheiro cheio de luz
apagou o clarão da Verdade.
O Bardo morreu,
papai noel nasceu.
A ficção usurpou a realidade.
O consumo destruíu
a mística e a caridade.
Também...
desde a pré-história,
essa que nem temos memória,
a cada ciclo,
grandes Mestres
abrem o Portal,
e, de um modo real e visual,
ajudam, com a luz que deles emana,
o homem a ser mais racional,
a si mesmo leal,
expandindo a consciência humana.
Entre eles veio Manu,
Zoroastro, Buda e Maomé.
Visnu,
Moisés e Lau Tsé.
Na nossa cultura celebramos
Jesus de Nazaré.
Também...
desde a pré-história,
existe uma crença.
Quiçá real - ou ilusória?
De que o símbolo da mirra, incenso e ouro
marcam o vínculo
da potência e do tesouro
de uma esperança infinita
pelos deuses descrita
no humano currículo.
Porém, continuamos a teimar
Que a lei da atração
é mais importante do que a da sintonia.
A ciência esmiuça a mística,
mas o homem só quer ganhar,
continuando a tirania
sem logistíca,
sem responsabilidade,
procurando a quem culpar.
Aos deuses pede a paz
que teima
em não querer resgatar.
Deliberadamente pequeno,
todos os Mestres contradizendo
o ser humano continua sofrendo.
Odiando em vez de amar,
desvia para igreja ou tribunal
transformando o natal
num vulgar arraial.
Hipocritamente dando presente,
cantando em missa do galo,
de dedo em riste e muito contente
vai condenando o que falo.
Amor e Paz não é desejo de um só dia,
nem filosofia ancestral.
Deixemo-nos de perfídia,
para que todos os dias sejam
muito mais do que
um simples natal.
Natal 2008
Florianópolis