PERSONALÍSSIMA
Entre a rótula e a curva
Aposto o objeto ou a fuga
Sob a lealdade que tenho entre a travessia
E a rua sem causa
Em que perdi os pés.
Tenho o que inspira paixões
Nos olhares desavisados
Outeiros meus rompem pedras e gente
Quando a memória circunscreve,
Por entre sorrisos e dentes,
O que o peito, ao longe, descerra.
Apenas o pouco verniz dos sonhos
Cortava o silêncio
No despertar do catavento
Pois que havia verdade
Naquelas mentiras
O pecado não era inútil.
Tenho em mim o curso
Do que na vida são passos de poente
Sem crença para existir
Porque tenho mais sentimentos
Que a própria vida,
Mais verdade que certezas,
Mais destino que acontecimentos.
Mas não me recordava meu ser comigo
No que na luta em si é brisa
Não mais que transpiração,
Um bêbado com um pouco de aurora
Iludir meu medo entreaberto.
Eu me estendia para aquém de mim
Para ganhar do usufruto a vida
Da qual não me era culpado,
Apenas a paródia que me tornei
E um alheamento sem umidade
Na procissão que engrossava a rua
Assomar aos pés que perdi.