PERSONALÍSSIMA

Entre a rótula e a curva

Aposto o objeto ou a fuga

Sob a lealdade que tenho entre a travessia

E a rua sem causa

Em que perdi os pés.

Tenho o que inspira paixões

Nos olhares desavisados

Outeiros meus rompem pedras e gente

Quando a memória circunscreve,

Por entre sorrisos e dentes,

O que o peito, ao longe, descerra.

Apenas o pouco verniz dos sonhos

Cortava o silêncio

No despertar do catavento

Pois que havia verdade

Naquelas mentiras

O pecado não era inútil.

Tenho em mim o curso

Do que na vida são passos de poente

Sem crença para existir

Porque tenho mais sentimentos

Que a própria vida,

Mais verdade que certezas,

Mais destino que acontecimentos.

Mas não me recordava meu ser comigo

No que na luta em si é brisa

Não mais que transpiração,

Um bêbado com um pouco de aurora

Iludir meu medo entreaberto.

Eu me estendia para aquém de mim

Para ganhar do usufruto a vida

Da qual não me era culpado,

Apenas a paródia que me tornei

E um alheamento sem umidade

Na procissão que engrossava a rua

Assomar aos pés que perdi.

G Monteiro
Enviado por G Monteiro em 25/11/2008
Código do texto: T1301882