ORGIA NA CIDADE
A cidade comemora
festa tanta e lua cheia
música dança fogueira
gingado sorriso bebedeira
briga sem nenhum motivo
que sem motivo vai embora
no ritmo dos quadris alucinados
dos suores que embriagam
das carícias nunca negadas
pernas bocas línguas
em enleios fesceninos
semi-ocultos pelos cantos
em gritos de gozo delírio
de almas assustadas perdidas
no desconhecido de si próprias.
Muito depois
no que depois do almoço seria
mas que não foi
por subvertida toda a rotina
alguém desperta e descortina
a extensão da refrega
o campo da finda batalha
feridos que dormem
sem indícios de tiros
ou cortes de navalha
a alma em frangalhos
sem alento ou agasalho
descrentes da noite
sem esperanças no dia
mendigos de migalhas
de carinho e alegria
tristemente despertos
na angústia da tarde vazia.
- por JL Santos, em 08/11/2008 -