EXILIO DA MINHA TERRA
Escorre por sobre os montes,
Feixes de raios soltos do sol,
Vão de encontro ao orvalho,
Fulgura imponente o arrebol,
Sopra a brisa nas ramagens,
Canta ao longe um rouxinol.
Regressam às aves noturnas,
Em busca de algum recanto,
Surge o claro lençol matinal,
A noite puxa seu negro manto,
Rumoreja o vento em alvoroço,
Sonidos como em um acalanto.
Cores relevam a vasta colina,
Desliza as águas pelo traçado,
Adentra no brejo ou campina,
Faz no pasto, fartar-se o gado,
Cuida a mulher dos alimentos,
Que o homem levar ao roçado.
Uma simples e rotineira vida,
Porem não se vê o desencanto,
Quando dia vê-se a bicharada,
Se é noite, apenas o pirilampo,
Não há quem do caboclo retire,
O prazer pela casinha no campo.
Resta ao poeta em seus sonhos,
Vislumbrar a boa vida fagueira,
Daqueles que vivem e sonham
A sombra, embaixo da gameleira,
Vida passada, sonho distante,
Vontade e sonho virando poeira.
Vai poeta, se o sonho não acabou,
Vês o caminho, prepara o farnel,
Junta os pedaços que ainda resta,
Não troques a paz, por taça de fel.
Vê sob o horizonte fecunda terra,
E lá poeta, serpenteia o rio de mel.
Rio, 19 de setembro de 2008.
Feitosa dos Santos