FRATRICÍDIO

Não,

Não é vento.

Não,

Não é chuva.

A negridão da noite,

Não é a noite...

Não.

O que tu vês,

Dobrado em quatro,

A uma esquina

De esquecimento,

É só o vagabundo,

Que já não tem lamento,

Prà chuva –

Flúmen de lágrimas,

Correndo

Em líquido cristal.

E a chuva, é vento,

E o vento, é chuva –

Grito metamórfico,

Casulo, de vida sedento.

E a mentira foi concebida,

No ventre estéril, de uma puta,

Que se chama:

Sociedade fratricida.

Jorge Humberto

in Pensamentos Dantes e de Agora

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/03/2006
Código do texto: T124496