OLHOS PARA NADA

Quem procuras tu,

Nas gotículas, que a chuva deixa,

Esquecidas

No erotismo das janelas molhadas?

Quem procuras tu,

Quando a noite impõe a solidão

Ao azul imenso,

E o coração é queixa

E silêncio?

Quem procuras tu,

Na feminilidade das águas sabidas,

Ali deitadas - corpo inteiro,

E aqui sentidas - suposto rio?

Quem procuras tu,

Quando das estrelas,

O sorriso fulgente se apaga,

E anuncia o minuto primeiro

Da madrugada?

Ninguém!

Pois que pode

Procurar alguém,

Tendo sempre janelas fechadas?!

Janelas fechadas

É como ter olhos para nada.

Jorge Humberto

in Saiu A Fera De Mim

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 15/03/2006
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