A ESPERANÇA VEM DO CÉU

Muito cedo brilha o sol,

Lá no sertão nordestino,

Entoa a cigarra um canto,

De sonido muito fino,

Sopra um vento seco e quente,

Faz-se na pele insolente,

P’ra quem vive em desatino.

Vive no agreste o homem,

Em vida desesperada,

Buscando tirar da terra,

Com suas mãos calejadas,

Para a família o sustento,

Colhendo o bom alimento,

Sob o cabo da enxada.

Uma desgraçada vida,

Pensa por vezes à tardinha,

Quando o sol se escorrega,

Lá por cima da matinha,

Arbustos e catingueiras,

Usados para as fogueiras,

Nas casas quando noitinha.

Mas se arrepende o homem,

Das injurias proferidas,

Pede perdão ao bom Deus,

Que cicatrize as feridas,

Dos calos em sua mão,

Da mágoa no coração

E das horas oprimidas.

A terra bem preparada,

Espera a chuva chegar,

O homem que a preparou,

Começa p’ro céu olhar,

Um vermelhão de braseiro,

Sem água, roupa e dinheiro,

Nem força tem p’ra rezar.

E assim passam os dias,

Nessa tamanha aflição,

Vai, vem e volta ao roçado,

O caboclo tem a ligação,

Com a terra árida e quente,

Plantar a boa semente,

Dá-lhe paz ao coração.

Rio, 04/10/2008

Feitosa dos Santos