Prometeunianamente...

Não depende de nós...

Sempre vai ser possível recomeçar

Não a mesma pessoa

Mas a que resultar

De um luta árdua, contínua

Em que vencer nunca é derrotar...

Não se aprende repentinamente

O que se deve fazer

Que caminhos trilhar

As coisas que mais vão doer

Em que pedras confiar

É preciso muito sol

Superar...

E esperar que as árvores ressequidas

Floresçam, e dêem frutos

Num tempo incicunscrito

No qual não há ilhas de solidão

Apenas a vastidão

É o que enche o nosso olhar...

É bom ter olhos abissais

Como guardar tudo, e ainda mais

O que não morre

E o que vive sempre

E sempre nos quer mais e mais...?

É bom ter leveza

Senão como poderíamos

Ir e vim nessas dimensões dúcteis

E voláteis

E ainda muito mais...?

Como poderíamos beirar a desnutrição

E também de amor

E ainda os solavancos

E porradas

E quedas

E furadas

E pauladas na nuca

E alguém a nos roubar as tripas

Se não fossemos

Assim

De uma resignação sem fim?

Mas como seja

Sempre vai ser diferente

E outro ainda mais

Nunca vai parar

Sempre está amanhecendo

E anoitecendo

E assim

Nunca o dia pode ser o mesmo dia

Tampouco quem nele entra

Menos ainda os elementos

Que dispomos

Para escrever

A nossa própria história

Comprida historia

Que começa...

Todavia não acaba mais...

Sempre vai ser possível recomeçar

Porque é impossível não recomeçar

Não depende de nós...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 20/09/2008
Reeditado em 11/12/2022
Código do texto: T1188219
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