os elementos
uma caneca d'água bebida na beira do mato
uma laranja saboreada à sombra
no mais sujo do pomar
andar descalço na terra molhada
pisar na bosta verde das vacas
boa para curar frieira
chupar jabuticaba trepado no pé
lambuzar até os cabelos
cair sentado nas jabuticabas
lambuzar a bunda e a cara
entrar na água devagar no meio do mato
na água fria do mato fresquinho
da infância
sentir a infância entre os dentes
sentir nos olhos os bezerros
no pasto
ouvir o mugido das vacas
na noite longa
adivinhar os vaga-lumes
na noite que boceja
perdida lá fora
entre os coqueiros e a tulha de café
e chove em mim e eu floresço de manhãzinha