Me abrace forte, não vá embora, ...

Mudou você o velho mundo?

Depois de andar por tantos lugares,

Conhecer povosruínas

Ruínas de outros povos

Povos mais povos que outros pobres povos

Depois de ver tudo que você não ver

Funcionar aqui

E respirar

Ou até mesmo se sentir

Como se não fosse daqui,

Resistiu a tua cabeça

a pujante força ignóbil de dizer

mesmo sem te perguntarem

assim como

se o silencio de não dizer

te fosse vergonhoso,

e as palavras caíssem da tua boca

e fosse ao rés-do-chão

de dizer que não eras daqui

daqui, e ainda mais,

desse daqui mais daqui

do todos os daqui-daqui?

Mudou você o velho mundo?

suas aspirações e planos...

suas promessas secretas,

subliminares, deixadas no ar

e as suas atitudes agora,

ao anda por essas ruas de asfalto amolecido

pelo calor-zão do nordeste,

me diz você,

você levanta a cabeça

vestida numa camisa

em que a bandeira estampada

não tem nada a ver

como a verdeamarela...?

Mudou você o velho mundo?

ainda são possíveis os almejos antigos...

os antigos de alguns dias

os antigos de uma hora

de um minuto

os antigos do agora,

do tempo a se chama hoje?

...

eu sei

eu sei que você não sabe

e é por isso que estou te perguntando

por que sei

por que sinto

por que sinto muitos

o que está longe de mim eu sinto

o que está perto

e o que está em mim

e o que está a distancia de um tempo infinito assim...

toda e qualquer vibração

que produza ondas de separação

de adeuses

de estranhamento...

de invisíveis mãos balançando

no silêncio caído do olha

que se arrasta ao rés-do-chão

esses até logo longos

esses soar de passos longes

essas idas de nunca mais voltar

eu sinto

eu sinto o mundo e o desmundo

que há no teu olhar...

mas fomos felizes Lídias

fomos felizes porque não demos as mãos

pessoa não imaginou um mundo assim

assim de real ilusão

em que seres envergados pelas madrugadas

plúmbeas almas

de rostos inrictícios

rostos de pedra lascada

de repente

sem procurar

encontrasse outro alguém distante

na mesma estrada

e gritasse assim como eu grito

ei. Ei... eeeeeeeeeeeiii!

Um assombro...

Seres que gostaria de encontrar outros seres

Não as sombras que se desenham foscamente ao longe dos longes

Como se fosse gente

Como se fosse gente meus amigos

Como se fosse gente minhas gentes!

eu sinto que as palavras são muito leves,

essas que teu dedo desenha

nas telas da vida

são assim já, desde o berço, carcomidas

e a sensação é que estou por demais atrasado

para parar e te ouvir e te acreditar um ser do presente

do presente minha gente,

do presente!

O que dizes é de leveza tamanha

Que a brisa entre as brisas

Leva para bem longe

Para os longes dos longes

E é como se não houvesse dito nada

E o que disseste mesmo minha amiga?

O tempo do romantismo é hoje

Hoje é que há pessoas que se suicidam

Não por amar assim demasiadamente

Mas por se amar tanto

Tanto-tanto

Que o coração fica assim trancafiado

E assim

O olho que já se acha escaldado

Avisa logo-logo

Apenas a possibilidade do amor

Começa a aparecer

Que esse fique, fique-fique trancado

Fique-fique, fique-fique embalsamado...

Mas ai daqueles que não tiveram ouvidos para ouvir

E ouviram

E tiveram olhos para ver, e viram

E tiveram sentidos para sentir,

E sentiram

Ai dessas múmias amiguinhos

Ai dessas múmias!

E a brisa entre as brisas canta

Levando-te para bem longe,

Para o total dos esquecimentos...

são assim as palavras aéreas,

são assim

vão assim como vás,

vão assim,

embaladas palavras

embaladas

que teriam dito muito

mas embaladas

a canção é da brisa entre as brisas

e elas mudaram-se,

e palavras mudas

não dizem nada,

não dizem nada as palavras embaladas...

a maioria das palavras

que chegam até mim

o que diz essa gente boa

essa gente mesma

essa mesma boa gente

ao dizer

coisas assim sem desejar,

ou incrementar

no que dizem, mal algum,

são, em sua maioria

coisa sem valia

ou de pouca valia

cedo chega o prazo de validade

e aquilo que nos parecia ser verdade

é levado pelo fiscal de saneamento,

as respeitáveis autoridades,

as respeitáveis autoridades

não pode deixar que se alimente

dessas coisas ultrapassadas

essa gente que enche a barriga

e não pensa em mais nada...

evidentemente toda palavra tem valor,

ainda mais àquelas,

que impensadas

são mais pesadas,

são como um átimo de verão

em meios a Eterna Madrugada

evidentemente toda palavra tem valor,

mesmo que não tenham importância nenhuma...

às vezes eu gostaria de não dizer nada

ser assim leve como as plumas

e as palavras que digo

não ferissem tanto

se desfizessem como bolhas de espumas

e fossem, ainda assim,

agradáveis como as plumas,

em se transformam as pedras quebradas

e nos faz dormir

o sonho o cansaço acumulado

de muitos passos já andados...

queria ser eu todo, todo-todo,

todo de plumas...

mas minhas palavras

são compartimentadas

e mais que tudo no mundo

Mais profundas

e mais pesadas...

minhas palavras pesam mais que a soma de todos os pesos,

e meu coração sangra só de pensar nelas...

Incrível minha sobrevivência

é incrível que ainda tenha sangue correndo dentro de mim,...

se às vezes furo o dedo,

ou quando acidentalmente me firo,

nem a dor eu sinto...

sinto um embasbacamento diante do vermelho...

e penso,

ainda sangro,

ainda sou humano...

eu, eu-eu, assim,

assim humano...

Mille , meu coração se eu to pudesse revelá-lo completamente...

não sei, não sei, parece que todo o universo está dentro de mim,

e fora ainda outro,

e além, além-além, outros e infinitos outros,

e mais outros sugados pelo o olhar

por esse olhar de infinita ilimitada desconhecida idade...

isso me causa satisfação e agonia e,

simultaneamente, alegria,

todavia, infelicidade também, e tão bem...

por não poder sentir mais,

por que eu queria sentir mais que o tudo,

o Tudo, eu queria ser mais, mais, ...

me abrace forte, não vá embora, ...

Nostalgia do que não sei,

luz de um futuro dia, de um futuro dia...

já imaginou

de um futuro dia,

luz!

Já pensou

Que dia...

Luz de um futuro dia...

Pensem bem

De um futuro dia,

Ah, toda essa melancolia,

Não sei não sei...

Luz de um futuro dia,

Quanta imaginação!

Um futuro dia!

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 10/09/2008
Código do texto: T1171688
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