Para dizer adeus
Da janela, vejo a tarde esvaindo-se em sangue . . .
Uma tristeza salpicada de púrpura
Encharca-me a alma . . .
Ah, triste como uma rua deserta na madrugada!
As rosas que enfeitavam o jardim de nosso amor
Feneceram,
O fogo da lareira que aquecia nossa paixão
Extinguiu-se,
Restam as cinzas de nossos propósitos,
A lembrança de nossas noites diante da lareira,
A nostalgia embalada ao sabor da música de Chopin
E uma saudade antecipada de quem fomos . . .
Partirei sem bater a porta
Para evitar o desgaste da despedida,
Para evitar as palavras vãs,
Para não lamentarmos os escombros de nosso amor . . .
Desculpa-me os erros,
Desculpa-me as faltas,
Desculpa-me se não soube o que fazer
Para acalentar teus anseios,
Desculpa-me pelas vezes em que me deixei levar
Pela correnteza do egoísmo,
Desculpa-me se não soube amar-te:
Lamento muito por nós dois,
Mas meu coração não se contenta com nada,
Meu coração não aprendeu nada . . .
Meu coração velho casarão sem portas nem janelas,
Meu coração catedral fechada,
Meu coração Saara ao meio-dia,
Meu coração terra de miragens,
Meu coração oásis no meio do nada,
Meu coração ave de arribação . . .
Desculpa-me as mágoas . . .
Vou para não voltar:
Meu destino é caminhar sempre sozinho . . .
Adeus! Adeus! Adeus! . . .
Oliveira