do ventre
os véus, alegorias para esconder,
mas na verdade quem esconde quem?
afinal, há algo a se esconder?
véus e corpo se tornam uno numa dança.
dança de corpos.
corpos de dança.
se me prendo no olhar, a cintura me acusa de relapso.
se me prendo na cintura, os olhos me questionam sobre o profundo.
às vezes a leveza é um tanto bruta, revela a primitividade do movimento.
a sensualidade afastada do falso que pensamos ser o erótico.
e as lantejoulas querem quebrar o ritmo.
as mãos querem o espaço.
a boca quer expressar a linguagem do silêncio.
no silêncio se ouve melhor.
é preciso arte.
é preciso fazer parte.
é preciso descolar a mulher do corpo.
o corpo da mulher.
e ao mesmo tempo estarem juntos.
é uma confusão de espaços.
falta ar.
falta chão.
nem sequer flutua.
nem o ar segura.
e se o nome diz que é do ventre.
que fique entre nós...
é o conjunto que me prende.