do ventre

os véus, alegorias para esconder,

mas na verdade quem esconde quem?

afinal, há algo a se esconder?

véus e corpo se tornam uno numa dança.

dança de corpos.

corpos de dança.

se me prendo no olhar, a cintura me acusa de relapso.

se me prendo na cintura, os olhos me questionam sobre o profundo.

às vezes a leveza é um tanto bruta, revela a primitividade do movimento.

a sensualidade afastada do falso que pensamos ser o erótico.

e as lantejoulas querem quebrar o ritmo.

as mãos querem o espaço.

a boca quer expressar a linguagem do silêncio.

no silêncio se ouve melhor.

é preciso arte.

é preciso fazer parte.

é preciso descolar a mulher do corpo.

o corpo da mulher.

e ao mesmo tempo estarem juntos.

é uma confusão de espaços.

falta ar.

falta chão.

nem sequer flutua.

nem o ar segura.

e se o nome diz que é do ventre.

que fique entre nós...

é o conjunto que me prende.

jeferson bandeira
Enviado por jeferson bandeira em 10/08/2008
Reeditado em 11/08/2009
Código do texto: T1122136
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