Os soterrados
Esperamos por nada. Estão todos mortos, dizem,
Sob a terra, no túmulo do esquecimento.
Alguns de nós são ainda crianças.
É cedo para morrer.
Com fome e sede, sem ar,
Sujos de terra, a boca, os olhos cheios de terra.
Por que nos abandonaram?
Quanto vale a vida de um homem?
Mais hora, menos hora, estarei morto
E ninguém ficará sabendo.
Ninguém se importará
Quando eu me for para sempre.
Estou de partida. Não olho para trás.
O homem nasce com o eterno na ponta dos dedos.