"NÃO TÔ PRA NINGUÉM"

Minha infância cintila no açúcar cristal

feito estrelas que piscam na maria-mole,

muitas vezes no sal do amendoim torrado

ou no gole final do refresco de amora...

Meus dez anos dão tecos em bolas de gude;

tomam banho de rio sob o pontilhão;

amiúde me vejo como se não eu,

jogar bafo e pião; empinar um catreco...

Também volto a vender picolé na pedreira,

namorar a Cilene que sequer sabia;

fantasia que dava pra me contentar...

Caibo neste barquinho de papel dobrado,

singro neste oceano duma poça dá água;

quando estou no passado "não tô pra ninguém"...

Demétrio Sena
Enviado por Demétrio Sena em 04/08/2008
Código do texto: T1112530
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