Qualquer impossível esquecimento...
Minha poesia
É uma disritmia
Que causa dor angústia
E alegria
À noite
De madrugada
Durante o dia
O tempo todo
Eu sou poesia
Ser normal
É ser estranho
E sempre me apanho
Pensando no que estou pensando
E um pensamento dentro do outro
Vai sempre me arrebatando
De modo que o mundo
Que vejo
Vai muito além do humano
Minha poesia é um grito de agonia
Que acorda a madrugada
E faz nascer da escuridão
Uma alvorada
Como que uma esperança
Que se apaga
E tudo é como se não Existisse nada...
Minha poesia
É um silêncio
Um gemido em Klimchouk
Ninguém pode ouvir
O que retumbe em meu coração
Não pode ser traduzido,
Vertido em qualquer tipo de linguagem
Há sempre um abismo
Entre mi e mim mesmo
Que nem eu nem ninguém
Pode atravessar...
Mas olhar para o abismo por muito tempo
Demoradamente
Como diz o filósofo alemão
Faz com que o abismo te olhe também
Então eu olho para os abismos
E percebo que eles me estudam
E entramos em diálogo além além
Que apenas nós compreendemos,
Apenas nós
E um terceiro ser
Que nos acompanha também...
Mas minha poesia
É tão fugidia
E assusta tanto
Quanto às enigmáticas
Belezas e Terrores desconhecidas de OJ287...
Ah, abismo negro
Que espanta as mentes humanas mais treinadas,
Se você pudesse se estabelecer no meu coração,
Tenho certeza,
Dentro dele você não seria nada!
Minha poesia é a mais abissal
Das abissais coisas existentes
Nos universos que ninguém pode imaginar
Todos se espantam com o que os aparelhos
Dia a dia mostram
Mas se pudessem se comunicar
Com o que trago dentro
De mim
Ficariam loucos
Muitos chegariam a se matar
Não é bom revelar tudo
Há poemas perigosos
Poemas que fazem a alma se contorcer-se
Bilhões de bilhões de vezes
Antes que os olhos possam ver,
Antes que o pestanejar se complete
E nisto
Enquanto isso acontece
Morre-se muitas vezes
E eu já me acostumei a morrer...
Minha poesia é minha sorte
É o meu norte
É para onde vou
Quando não encontro
Um lugar
Nem um lar
Nem um voz
Nem escuto o vento
Nem vejo o sol
Nem o movimento
Quando tudo se transforma em Esquecimento
O que é extremamente freqüente
É dentro dela
Que acho algo quente
Algo que não é de gente
Abismos abismos abismos
Ah, como amo os abismos....
Pena que não podem me conter
Eu sou um sem fundo
De outro mundo
Onde a se cai para sempre
Onde o silêncio se transforma em sinfonias
E acalenta as agonias
Que nasceram comigo
E mesmo a legião
De anjos aptos e em riste
A cuidar de mim
Não pode me acompanhar
Porque eu vou aonde ninguém quer chegar
E sinto vontade de lá ficar
E fico mesmo,
Quem volta é sempre outro
Com um HD de meu ser até ali,
Para a "minha vida" continuar...
Minha poesia
É uma coisa
Não é literatura
Não é arte
É tortura
Mas não é só isso
É pura Loucura
É um flor que não existe
É uma indefinível criatura...
Não leiam, caros amigos
Não comentem
Não percam o vosso tempo,
Sou aquele que foi banido
De um lugar não circunscritível,
Também esquecido,
Fui feito à fogo à infinitas temperaturas,
Atingi o zero grau,
E meu coração sempre passa mal
Ao lembrar dessas coisas sempre presentes
Em minha mente
Meu coração,
O vulcânico e gélido ermo lugar
Vindo aqui para mostrar
Que é sempre possível ir além do que se pode suportar,
Um mau um bom exemplo,
De que se pode viver em
Eterno esquecimento...
Qualquer esquecimento,
Qualquer impossível esquecimento...