Perdão!
- Padre, traí por muitas vezes, confesso a ti.
(Traíste confessadamente!)
- Se arrependes, cumpre tua penitência:
(Repito: Cumpre tua penitência.)
Dez pais-nossos, vinte ave-marias e mais prudência!
(Doravante, prudência!)
- Padre, de agora em diante, prometo nunca mais trair.
(Não traia novamente.)
Malditos sejam os traidores!
Quem nunca traiu, que atire a primeira pedra!
Indulto, penitência a alguém medra?
Traidores têm cadafalsos como andores!
De soslaio vigiem-se as intenções!
Que não se olhem mais nos olhos.
Vendem-se inconfiáveis corações.
Fiéis? Estes coitados, tolos!
Que vivem de compensações,
com suas barbas de molho.
Nota: Depois de ler alguns comentários, cumpre-me esclarecer que, na verdade, o texto satiriza o perdão concedido por terceiros,mediante penitências, etc., seja em nome de Deus ou de quem mais for. Por outro lado,considera a traição como um estigma humano e, por fim, apieda-se dos fiéis,vítimas, que, também, carregam a potencialidade da traição.