As Quatro Estações As mãos escorregam nos pelos indefesos. Dose que deslizam pelos dedos. Dentes embranquecidos a e abrir o dia, Cheiros de cetim, hortelã e alegria. Clareou os becos, armou o carrocel, Pirulitos, balas, maça do amor, arranha-céu. Gatos soltos, beijo no pescoço, calafrio Acelerou-se o ninho, o tesão, o frio. Cortes abruptos dos laços ontem atropelaram os corpos. Virou a esquina e a mundo perguntou: Onde está teu outro lado? Onde está teu dono, o teu senhor? São verdades in-digestas, embrulha- me, castra-me. São verdades distorcidas, intala, engasgam. Afugentam, escandalizam minha alma feminina. São delírios de uma sociedade preconceitualista. As temidas mãos, os pesados pés, a voz grossa, Afinou os passos no vão da porta. Onde foi parar as fortes mãos? Estão apontando as nuvens de papel, Contando estrelas caídas do céu, Por entre vendavais e salivas. Entalos na garganta secam e brotam espumas, Costura-se palavras de cristais por entre plumas. Éterias mentiras nas páginas dos jornais a trocar sonhos. Olhos de pardais me acalentam agora, Tiram-me os sinais e me alimentam. O pinheiro lá da sala está torto E as samambaias choram por mim, Mas eu volto a renovar meu jardim. O dia com quatro estações me deprimia e uma das estações parava a tarde quando eu te via. Sou só no mundo, sou o mundo todo, só. Sou o mundo por entre portas, Sou o medo que se transporta, Sou o mágico pela a cidade, Sou centelha ,sou covarde. Sou você em seu quartel, Sou vermelho, sou o azul, sou o anel; Sou metade de cada um do teu papel. As fases da lua vista por entre muros, As fases de mim vista por entre mundos, Sou mulher delicada, felina, reprodutora, amante. Amante adorada do meu dono divorciada.