Túnica

Túnica

Das mediúnicas lembranças do passado

vivenciado eu tenho outras batalhas

quais guerras púnicas vividas, revividas

nas muitas túnicas rasgadas da matança,

mortalhas únicas, manchadas de esperança;

falha o destino em colher-me em suas malhas...

Tenho buscado o olvido - e atrás da porta

ouvido o brado surdo e seco da memória

em que a história me vigia, de soslaio,

finge-se morta... Espera, mas não saio;

não sou covarde, mais tarde eu busco a glória,

pisando a escória que esfria sem alarde.

Não há pressa em alvejar a minha túnica

mortalha única, que o meu ciclo recomeça...

Aceito a vida, mas a sorte ainda não sabe

que não me cabe abrir o peito sem guarida

ou dar à morte uma razão pra que me corte

com mão tão forte, que me force à despedida...

Poeteiro
Enviado por Poeteiro em 08/02/2006
Código do texto: T109259