Túnica
Túnica
Das mediúnicas lembranças do passado
vivenciado eu tenho outras batalhas
quais guerras púnicas vividas, revividas
nas muitas túnicas rasgadas da matança,
mortalhas únicas, manchadas de esperança;
falha o destino em colher-me em suas malhas...
Tenho buscado o olvido - e atrás da porta
ouvido o brado surdo e seco da memória
em que a história me vigia, de soslaio,
finge-se morta... Espera, mas não saio;
não sou covarde, mais tarde eu busco a glória,
pisando a escória que esfria sem alarde.
Não há pressa em alvejar a minha túnica
mortalha única, que o meu ciclo recomeça...
Aceito a vida, mas a sorte ainda não sabe
que não me cabe abrir o peito sem guarida
ou dar à morte uma razão pra que me corte
com mão tão forte, que me force à despedida...