QUANDO A DANÇA SE CONFUNDE COM A NATUREZA

I

A NOITE

Num mar claro de azuis nocturnos,

Na noite calma e prenhe de estrelas,

À luz de uma Lua rica,

E fértil de brancos

(Pés desnudos, por sobre a areia fina da praia),

A orla dos teus cabelos

Molhados,

Salpica a brisa,

No seu movimento rotativo.

E o equilíbrio,

É interrompido pela dança.

II

O AMANHECER

Cessa a noite,

Nos brancos-cinza, da manhã

Chegada.

E o ritmo da dança,

É substituído pelo murmurejar das ondas,

Apagando segredos, no areal.

Vermelho, branco, e amarelo

(Quando atinge o seu zénite),

O sol doura, a feminilidade

Nas dunas.

E, enquanto observas o céu,

Riscado de gaivotas

(Sombras mudas, em movimento),

O teu corpo,

Exausto, molhado,

O teu corpo, completo

E pleno de mulher, deitado n’areia,

Tem a textura do cobre

E da prata –

A sensualidade dúctil,

Do metal generoso.

Jorge Humberto

in Fotogravuras I

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 03/02/2006
Código do texto: T107670