QUANDO A DANÇA SE CONFUNDE COM A NATUREZA
I
A NOITE
Num mar claro de azuis nocturnos,
Na noite calma e prenhe de estrelas,
À luz de uma Lua rica,
E fértil de brancos
(Pés desnudos, por sobre a areia fina da praia),
A orla dos teus cabelos
Molhados,
Salpica a brisa,
No seu movimento rotativo.
E o equilíbrio,
É interrompido pela dança.
II
O AMANHECER
Cessa a noite,
Nos brancos-cinza, da manhã
Chegada.
E o ritmo da dança,
É substituído pelo murmurejar das ondas,
Apagando segredos, no areal.
Vermelho, branco, e amarelo
(Quando atinge o seu zénite),
O sol doura, a feminilidade
Nas dunas.
E, enquanto observas o céu,
Riscado de gaivotas
(Sombras mudas, em movimento),
O teu corpo,
Exausto, molhado,
O teu corpo, completo
E pleno de mulher, deitado n’areia,
Tem a textura do cobre
E da prata –
A sensualidade dúctil,
Do metal generoso.
Jorge Humberto
in Fotogravuras I