Entre o sabor e a azia

"como você se sente?

' eu?

" sim, você...

Entre a melancolia e a euforia

Entre a noite e o dia

Sim...

Eu sou feliz

Sim

Entre o sabor e a azia

Eu me sinto etéreo

Eu me sinto sentindo

O que está em mim

O que está fora de mim

O que não está em nenhum desses lugares,

O que está onde não sei dizer...

De vez em quando olho para a porta

A impressão é de que alguém

Olhou-me

Mas estes olhos não vêem a ninguém

Mas sei que o que estar fora de mim

Se converte rumo ao que está dentro de mim

Como se gelo fosse encontrar água em ebulição

Como se o solitário fosse encontrar uma mão, uma solução

Como se o ferro que entra na carne

Fosse ao encontro do coração

E assim mesmo magoado

O coração o beijasse,

E o amasse

Antes que tudo se apagasse...

Como se fosse uma pedra

Que vindo do alto

Choca-se no espelho mar

E fosse lentamente

Descendo

Até o mais profundo

Dos abismos terrenos

E se depositasse por lá

E então

Passasse, depois de um tempo,

A pensar em como era o céu

E se passa muito tempo

De modo que suas lembranças

Passasse a ser como minhas invenções

Coisas feitas com paciência e amor

Em que tudo vive

Em que tudo tem cor

Mas que o real

E que está latente no escuro

Onde ninguém pode entrar

Onde ninguém pode suportar

É apenas uma pesada e eterna dor...

Eu sinto-me

E sentir-se pode não ser muito legal

Ou pode ser

Basta saber bailar

Bailar por que se faz mister bailar

Não perder a harmonia

Dos acontecimentos

É preciso está atento

Para quando o abismo

Surgir do nada aos pés da gente

Se lance rapidamente

Uma corda que se prenda a algum lugar

Ou então

E de repente concentrar-se tão fortemente

Que seria bom ter asas neste momento

E criar duas asas

E rápido também aprender a voar

E voar pelo abismo

Transformando a queda

Num prazer...

Uma oportunidade de você

Mostrar a si mesmo

Que pode sobreviver

E conhecer

Aquilo em que você acreditou firme

Mas que se falseou

Te traiu e te rasteou

Tirando a firmeza das pedras

Que compunham teu caminho...

É preciso saber bailar

Por que de repente você tem que se agachar

E depois pular

As lâminas horizontais vêem do nada

A toda altura

E decepam tudo quanto encontram

E depois desaparecem

Em meio à noite de cada um...

Bailar

Para mergulhar

Em águas estranhas

Sem ter medo

Dos seres que podem

Habitar por lá

E mesmo que haja

Algo que esfrie teu coração

Como se o medo fosse gente

E horrível se colocasse a tua frente

Mesmo assim

Você vai continuar

Vai continuar sim

Até chegar a de onde deve continuar continuando

Como se as coisas

Nem as gentes nunca terminassem

E tudo estivesse num ritmo só

Por que há alguém que não vemos

Sempre cantando

Sempre cantando

Sempre cantando

Para que a gente continue sempre bailando...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 08/07/2008
Reeditado em 09/07/2008
Código do texto: T1071516
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