é tarde eu sinto
é tarde eu sinto
o pulso das nuvens descora
a cartilagem do adeus enrijece.
não tinha como
contas de desejo espalhadas
claridade obscura nas gavetas do presente.
(uma religião desfeita entre as mãos)
foi arder quando o verso
se fez carne de amante primaveril
trajetória de projéteis dispersos no olhar.
o trem alertou o ausente
os galhos se camuflaram entre os pingos
a chama da hora cuspiu os excessos.
é tarde eu sinto
o tamboril de um canto fúnebre
ritmado nos nervos de cada verso.