Poemas perigosos

Vou me embora

Aqui já vi tudo

Já imaginei o dia de amanhã

Vou me embora

Procurar alguém para conversar

Ou para calar como eu calo

Ou para falar enquanto eu calo

Ou para ouvir enquanto eu falo

Vou me embora.

ontem escrevi um texto

nem li

joguei-o nas águas do rio,

depois disso

fiquei sabendo

que coisas estranhas

estava acontecendo

nas águas do rio

uma luz que descia

outra que subia

peixes que encantavam virgens sobrenaturais

homens e mulheres

e crianças e velhos

mergulhavam no rio

e não voltavam mais...

eu devo ter posto

algum titulo no poema

acabara de ler alguma

coisas sobre uma doutrina

esquecida

escrita

em códigos

que decifrei

não eram livros

tudo que estava escrito

desaparecia

a medida que o deciframento

se fazendo ia...

não sei por que estou falando isso para você

você não vai mesmo crer

no que digo...

mas acho engraçado

você chamando a mim de menino

logo eu que não tenho essa lembrança

perdi já muita coisa

uma delas é que fui criança

mas eu gostei...

sabe seria difícil encontrar você?

Se me deslocasse

Coisa muito rara

Assim falando materialmente

Não iria até ti por causa nem da cidade nem do povo

Esse não seria o motivo para ir

não é o lugar que é importante

nem o tempo

nem o momento

nem a paisagem

mas o que se vive dentro da aquarela

continua da vida

que marca o tempo

e faz os relógios pararem

para isso

acontecer só ha uma forma

tem-se que ter ao lado uma pessoa muito especial

através dela

tudo fica bonito

e o ar puro

e a paz se faz

dentro do coração do coração da gente...

se você apontar

olha sebastian isso ali

é como se o mundo fosse se colorindo

e os velhos caídos se enchessem de esperanças

é mágica

pura mágica é a vida

de coisas tão simples

pode se viver as intensidades mais complexas

através da companheira

ou companheiro

que nos vai junto no caminho

ah se você falasse sério

não existe profissão errada

expectativas, todas elas são erradas

desejos, todos eles são errados

Querer, todos errados

só importa uma coisa

a liberdade

e se você quer

se você deseja

se você expectativar

será prisioneira dos próprios ensejos

e terá muitas frustrações

não que não se deva não ter frustrações

elas são importantes

mas sabe

eu falo disso...

você fala de outra coisa...

Sempre fui inspirado

estou sempre inspirado

você nem pode imaginar

acha que estou pensando para escrever isto...

para mim

isso é como respirar

não escrevo para conquistar

não gasto as palavras com

um objetivo tão banal

tão pífio

tão desprezível

prefiro o silêncio

no entanto agora

eu queria saber se você

e de você

posso ir te ver?

sabe de uma coisa?

muitas vezes você tem algo

que parece que ninguém sabe compreender

e algo que você quer dividir

gostaria de distribuir

como as estrelas estão dispostas na abobada celeste

mas ainda mais alem disso

a gente sabe que existem outras estrelas

outras galáxias

outras infinidades de coisas belas

que enchem a imaginação da gente

que só de imaginar

já se acalma o teu coração

todas aquelas coisas

muitas ainda sem nomes,

em dança harmoniosa

em bailar infinito

e cheios de nuances de todas as cores

tudo é muito lindo

então você tem algo assim

e o que isso te faz?

te traz a solidão...

o que você acha?

o silêncio da espera...

apenas confirma tudo isso

mas além disso tudo

você precisa saber

tem ainda muito mais...

tem um poema aqui no meu bolso

não sei

não quero lê-lo

eu mandaria para você

mas essas coisas são muito perigosas

vou procurar um lugar

e enterrar esse poema

antes que os homens comecem a se devorar

tem outro aqui na mão

está pesado...

sabe esses poemas

são muito perigosos

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 03/07/2008
Reeditado em 03/01/2023
Código do texto: T1063539
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.