Libertos prisioneiros libertos

X_ Y!

Y_ oi

X_ Só quero sentir você

Y_ Se você tentar aos poucos você consegue

X_ é difícil...

X_ dói em mim, e não sei por quê?

Y_ você está afirmando ou interrogando?

X_ estou interrogando, porque sinto uma dor

Y_ você deve interrogar-se a si mesma, não posso ajudar, nem eu nem ninguém quanto a esse tipo de dor, cada um deve fazer o exercício de: "Conhece-te a ti mesmo."

X_ eu sei

X_ eu sei que ninguém pode ajudar de fato, mas juntas se ajudam

Y_ então você pensa consigo mesma

X_ se ajudam com pequenos atos

Y_ coisas íntimas da forma como eu penso que são intimas não podem ser resolvidas nem ajudadas a serem resolvidas por ninguém a não ser por quem as sente em si

a ajuda com pequenos atos é a dos mesquinhos

a ajuda ao próximo sempre é feita com grandes atos

X_ Não diria íntimas, eu diria coisas de alma

Y_ existe mais íntimo que isso?

nao falo do corpo, eu sempre estou sintonizado com a alma

X_ discordo... Há momentos em que um ato aparentemente insignificante nos é de grande valia

Y_ se é aparentemente insignificante, não é insignificante...

X_ Não vou teimar com você.

Não tenho suportes suficientes pra me aprofundar... Deixemos pra lá, o que vale é que suponho que tu me entendes.

Y_ sim

o que vale é o que as aparências tentam esconder

X_ Sim , o que?

Y_ o que vale é ter olhos para ver

o que vale é ter cem mil corações

para sentir tudo

X_ A frase de cima não falta nada?

Y_ e ainda muito mais

se falta algo podemos completar

se nos prendermos ao que não devemos

a vida passa

e não desenhamos nada

na aquarela do mundo

afim de que em fim ele vá

ficando mais e mais colorido

X_ que lindo!

Y_ dia a dia mais e mais bonito

é preciso não olhar muito para si mesmo

se não você pode não ver o outro

você pode não ouvir o outro

você pode não perceber

que o outro tem um problema muito

muito mais grave que o seu

é preciso não olhar muito para si

vamos ver os que estão esquecidos

pelos seres amados

em manicômios

vivendo no esquecimento

seres que apenas um olhar atencioso

de um semelhante

mudaria seu semblante...

tem muita gente precisando de ajuda

tem muita gente morrendo de fome

enquanto se tem tudo

e ao mesmo tempo

esse tudo de nada serve

para que você serve

vamos sair juntado os pedaços de gente

que se espalharam depois da ultima explosão...

vamos dar água a quem tem sede

vamos esquecer de quem somos por um instante

vamos pensar na dor alheia, e vê-la

mas ir alem disso

vamos nos doar

como elementos de esperança

deixemos de ser chorosos

vamos ser para o outro o que não somos para nós mesmos

uma escora

uma bengala

umas pernas

um pouco de alimento oculto

numa sacola

deixada

sem gritos

para não humilhar ainda mais

aqueles que a massa social

já traz sob julgo poderoso

vamos parar de chorar

o choro não serve de nada

o que ajuda são palavras

mas mais que palavras

é si como para guerra a espada é lançada

lançar-se também

em busca de fazer sol para quem

vive sempre a noite

para quem nunca é dia

para quem é sempre madrugada!!!

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 29/06/2008
Reeditado em 09/05/2009
Código do texto: T1057623
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