Velho coração

Depois de algumas centenas de passos

Dentro da noite ensimesmada

Dobrando esquina,

Subindo e descendo calçada

Na hora extrema

Em que poderia ter a alma regozijada

Eis que me aterro

Ainda de um pouco longe

Ao perceber

As suas portas cerradas...

Ando ainda no mesmo sentido

Como se quisesse crer

Que não fosse verdade

Aquilo que o olho de longe ver

E vou então,

Para de frente ao portão

O silencio é eterno

Um velho ao lado

Sentado numa cadeira de macarrão

Como se de um funeral saísse

Volto em contramão

Contravontade

Contravertido

Contrariado

E penso

Enquanto meus pés

Batem no chão

Que ainda não aprendi direito

A não ter o que digo que não tenho

Esperaças

Neste velho coração...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 24/06/2008
Reeditado em 24/06/2008
Código do texto: T1049819
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.