AH, NOBRE CORAÇÃO!

Descriminações mil sofri, toda uma vida inteira,

preso à minha toxicodependência, que me tolhia em vida.

E por maior esforço que encetasse, tomando dianteira,

sozinho caminhei, sem amparo nem guarida.

De estigmas vivi, absorvendo doutros o preconceito,

apenas porque era diferente, dos demais.

Mas de gostar dos outros, não teve jeito,

meu coração sempre se entregou às pessoas, mais e mais.

E mesmo com todo este sofrimento e clausura,

às gentes guardei respeito, mesmo ante os que me julgavam mal.

Pois que ainda viciado e com fome, mantive a ternura,

quando, em dor atroz, julguei ver, várias vezes, o juízo final.

Jorge Humberto

18/06/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 19/06/2008
Código do texto: T1041416
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