Eu em Mim
A tua diversidade,
força, franqueza,
ambiguidade.
Alma de ouro,
e lata.
Luar e sonho.
Fria deusa,
da leviandade a ata.
És natureza,
desinibida,
corrompida,
pura e cândida.
Olhos de mar,
corpo de sereia,
alma de ar,
vontade de fogo,
a própria Terra,
de iodo cheia.
Inatingível serra
escalas para renovar,
para amar,
e ser amada.
No teu pecado
abominas
a minha liberdade
...acorrentada.
Abres portas proibidas,
rindo e dançando.
A teu lado,
cheia de cobiça
canto hinos ao fado,
dilacerada
de laranjeiras,
citro azedo de relíquias.
Tu és eu,
no que temo,
e no que quero.
No que desejo
tão ardentemente.
O fruto proibido
e desinibido.
Para padres a indecência latente,
Para deuses – Gente.
Sem poeira, nem armadura.
Tu és mais
no que sou menos.
Desinibida
constróis o que destrúo;
descobres o que escondo;
lês o que queimo.
Por medo?
De mim?
Do além?
Do fim?
Tu e eu uma só.
Tu és força
Eu sou dó.
De mim?
Deles?
Mas quero...
preciso dar,
ensinando,
recebendo,
criando;
arrojar
o medo de meu engano.
Tu és coragem,
a inveja dos fracos.
Entusiasmo,
insegurança dos loucos.
Não tens norte,
mas és a ponte
do presente
ao infinito.
Aos poucos,
contigo fraquezas rasgo.
Tu és o corte,
a cisão do que não sente;
a vibração,
do eterno presente.
Te olhando de frente,
Pasmo...
Tão sábia,
tão verdadeiramente pura,
tão real.
És, essência
sem artifício.
A genial impureza
da perfeição.
És o único ventre
que deveria parir.
Um poema
que transborda
de coragem e nobreza.
És a única razão
da existência:
O porvir.