CLAMOR

Pela fresta da janela entreaberta

E com o olhar a marejar,

Vislumbro o morro moreno

Altaneiro, velando o mar!

A seus pés, pedindo clemência,

Modesta casinha ao léu,

Não podendo ser o mar,

Almeja atingir o céu!

A colina verdejante

Observa a chuva fina

Prateando a casinha húmil

Prestes a desmoronar.

E implora à crescente chuva

Ruflando seus arvoredos:

“Oh chuva! Não sejas rude,

Não a leve consigo, não.”

Também as rochas serenas

Com lágrimas em seus andares,

Fazem coro com a colina

Para as chuvas deserdarem!

Como a atender os apelos,

Mansamente, permeando o éter,

Cessam as águas pluviais.

E orvalhada da aflição,

Diz a colina em alívio

Num suspiro de langor:

“Obrigada, chuva amiga!

A casinha ainda sonha

Tu não a levaste, não!”

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 01/06/2008
Código do texto: T1015462
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