Um barco chamado Ana

Sobre o canto superior

traseiro do sovaco

há o desenho do ombro,

quando enviesada a mulher

ainda com o vestido

desabotoado às costas olha

para trás e pede que a

abotoem, logo e sem atraso,

antes que seja tarde,

enquanto sorri contente,

antes que as meninas

dos olhos corram

de volta e de novo

para frente, onde só

permaneça a parede

na qual há o quadro

pendurado, mas não há

o espelho. E como

é bom não haver o espelho!

Se ninguém neste instante

quer saber do espelho.

Se só é possível olhar

com os olhos os olhos

quando o olhar entra

no mar e o olhar

abriga a doçura do mar

capaz de abrigar marés

e suprimir agueiros;

como é belo o torso

e o pescoço sob o rosto,

quando as meninas

dos olhos quase dançam

para virem ao encontro

dos olhos escritores,

escritores desse conto,

que não carece que

aumentem um ponto

por causa da alegria

incontida do sorriso,

por causa do sovaco

sob a bela omoplata!

Asa de caravela do barco

de nome Ana palíndromo.

Fabio Daflon
Enviado por Fabio Daflon em 22/11/2020
Código do texto: T7117900
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