Epopeia farroupilha
Não se humilha um farroupilha
Nenhum gaúcho se encilha
Nem de arrasto ou a cabresto
Afirmo neste contexto
Que no campo das ideias
Duas forças em conflito
Neste rincão foi escrito
A mais ferrenha epopeia
Com este poema apresento
O nobre gaúcho Bento
O bravo herói dos farrapos
Comandante de índios guapos
Do nosso torrão natal
Este Rio Grande querido
Achincalhado, esquecido
Pelo governo imperial
Necessário que se entenda
Os motivos da contenda
Entre Rio Grande e império
Um causo deveras sério
Deste povo o que seria
Tudo andava depreciado
Charque desvalorizado
Paupérrima economia
Arrebanharam-se peões
Ao lado de alguns patrões
Formaram-se então piquetes
De a cavalo bons ginetes
Poucos de bota e de espora
De pé-no-chão xiru grosso
Lenço amarrado ao pescoço
Muitos guascas lá-de-fora.
Pobres xirus araganos
Nessa guerra de dez anos
Pelos campos se perderam
Quando reapareceram
Atrás de parcas migalhas
Pelearam com força bruta
Sobrou da sangrenta luta
Farda e almas em frangalhos.
Enfim, foi dura lição
Penetrou no coração
Fio da lança no guerreiro
O Rio Grande é brasileiro
Reconhece autoridade
Que haja paz e mais amor
Patrão só “Nosso Senhor”
Com justiça e liberdade.