Cristão e gaúcho

Eu respeito o vento norte

Que bate de vez em quando

Meu pala vai abanando

Não viro as costas pra sorte

Não deixo que a coisa entorte

Mesmo em peleia renhida

Quem sabe enfrentar a vida

Não tem receio da morte

Na vida como no jogo

Tem que haver muita paciência

Ouvindo a voz da experiência

Não levar a ferro e fogo

Eu sou que nem guri novo

Não é qualquer que me leva

Sou também índio maleva

A voz de Deus é do povo

O tempo me vai guasqueando

Neste entrevero da vida

Mas continuo na lida

Escolhi morrer peleando

Enquanto tiver comando

Sou firme nas patas de trás

Devagarito “no más”

C’o destino campereando

Curtido pelo minuano

Ninguém me leva a cabresto

E não adianta pretexto

Pois sou cruza de aragano

Em todos meses do ano

Que nem palanque em banhado

Valorizar meu Estado

Está dentro de meus planos

Sou gaúcho é bem verdade

Mesmo quando sem bombachas

Não me importa o que tu achas

Prefiro o campo à cidade

Onde há tranquilidade

Gauchada de paciência

Botando a mão na consciência

Também faço caridade

Num rancho quase sem luxo

Valorizo o tempo antigo

Com certeza sou amigo

Remo junto no repuxo

A brasa pra mim eu puxo

Falo a verdade não minto

O tempo todo eu sinto

Que sou cristão e gaúcho.

***

Dúvidas sobre o vocabulário? Consulte Glossário Gaúcho (Gramática e Ortografia)

Aquinosul
Enviado por Aquinosul em 22/05/2014
Reeditado em 18/11/2016
Código do texto: T4815695
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