Cristão e gaúcho
Eu respeito o vento norte
Que bate de vez em quando
Meu pala vai abanando
Não viro as costas pra sorte
Não deixo que a coisa entorte
Mesmo em peleia renhida
Quem sabe enfrentar a vida
Não tem receio da morte
Na vida como no jogo
Tem que haver muita paciência
Ouvindo a voz da experiência
Não levar a ferro e fogo
Eu sou que nem guri novo
Não é qualquer que me leva
Sou também índio maleva
A voz de Deus é do povo
O tempo me vai guasqueando
Neste entrevero da vida
Mas continuo na lida
Escolhi morrer peleando
Enquanto tiver comando
Sou firme nas patas de trás
Devagarito “no más”
C’o destino campereando
Curtido pelo minuano
Ninguém me leva a cabresto
E não adianta pretexto
Pois sou cruza de aragano
Em todos meses do ano
Que nem palanque em banhado
Valorizar meu Estado
Está dentro de meus planos
Sou gaúcho é bem verdade
Mesmo quando sem bombachas
Não me importa o que tu achas
Prefiro o campo à cidade
Onde há tranquilidade
Gauchada de paciência
Botando a mão na consciência
Também faço caridade
Num rancho quase sem luxo
Valorizo o tempo antigo
Com certeza sou amigo
Remo junto no repuxo
A brasa pra mim eu puxo
Falo a verdade não minto
O tempo todo eu sinto
Que sou cristão e gaúcho.
***
Dúvidas sobre o vocabulário? Consulte Glossário Gaúcho (Gramática e Ortografia)