Guri Arteiro

Na mais pura liberdade

Corria muito contente

Pensando que era gente

Guri de bem pouca idade

Lembrando até dá saudade

Andava por toda parte

Fazendo um pouco de arte

Mas não fazia maldade

Correndo sem ter cuidado

Por mato, campo e lavoura

No meu pingo de vassoura

Tinha a mãe recomendado:

“Tu não pula o aramado

Pois, tem um touro de raça”!

Talvez, por pura pirraça

Eu passei pro outro lado

Com o meu pequeno laço

Reboleando em pleno vento

Laçar o touro eu tento

Porém, sentindo o cagaço

“E agora, meu Deus, que faço!”

Estava feita a besteira

Subi num pé de aroeira

Fiquei num baita embaraço

O touro escarvava no chão

Era brabo o bicho macho

Eu só olhava pra baixo

Na difícil situação

Aroeira dá comichão

Comecei sentir coceira

Meu pai, longe, na mangueira

No seu ofício de peão

Fui ficando apavorado

Por não passar um vivente

Fui guri desobediente

Quando passei o cercado

Já de fundilho molhado

Então lembrei de rezar

Para o sufoco passar

Prometi ser comportado

Couro e pele toda ardida

Já passando meio-dia

Eu de barriga vazia

Gritava: “mamãe querida”!

Parecendo causa perdida

Todo cheio de ai-ai-ais

Surgiram então meus pais

Que me orientaram na vida

***

Dúvidas sobre o vocabulário? Consulte Glossário Gaúcho (Gramática e Ortografia)