Dança

Sob o manto da noite, em febril torpor,

A insônia dança, e o corpo, ardente e em pranto,

Suspira o desejo por murmúrios de amor,

Tocando a ausência como um eco no canto.

Beijos se perdem no ar, em chama e calor,

Cada fôlego é suor, é fogo que avança,

Entrelaçando o instinto em cruel fraqueza,

E a carência, em surdina, ao peito lança.

A presença é memória viva e ausente,

Gravada na carne que, em febre, clama,

No seio da natureza, alma penitente.

Resta o vazio, a falta, o frio da cama,

Onde a lembrança, com sua voz silente,

Traz o doce veneno que o corpo inflama.

Lirianna
Enviado por Lirianna em 03/10/2024
Código do texto: T8165693
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