ARAGEM
Na minha cama, durante as noites frias
tenho procurado aquele a quem minh'alma
tem amado achando-me vigia da noite,
rondando-me pela minha nudez
que eu pus diante da vida
num sopro de vida em vento de linho.
Teus lábios são como fio escarlate,
teus olhos são como os de águias
que voam pelos campos das sombras
que me vislumbra em manto d'amor,
o prazer infindo do véu que veste-me
enquanto sou mocho e fêmea
espalhando talco de sândalo
pelo jardim dos prazeres da carne.
Teu cabelo de noite balança o orvalho
e tu és-me como veludo que me amacia
descendo pelo despenhadeiro das montanhas
penetrando o meu úmido jardim
enquanto sarro teu pescoço em cheiro
chamando-o de amor ao surgir do sol.