Antologia IV - Poesias Sensuais


    Amada Amante    (01)

No teu corpo, eu encontro...
um pedaço grande de mim mesmo,
escondo todos os meus segredos,
e satisfaço os meus desejos.

Em teus braços me arregaço,
me prendo inteiro como laço,
escondo todo o meu cansaço,
nos teus cabelos me embaraço.

No aconchego desse leito,
em teu colo, eu me deito,
me entrego de qualquer jeito...
amor mais profano, mais perfeito.

Se no teu perfume me embriago,

nos teus caminhos, eu me perco...
em teu prazer vou me buscar,
somente a ti... irei amar.



           Um homem e uma mulher    (02)

                               Um homem e uma mulher...
                     descrevem o tudo e o nada,
                     numa relação atiçada...
                     ele o amante, ela a amada.

                     Na curvatura do côncavo,
                     ou na agudez do convexo,
                     espelham a luz da lua,
                     e o mais profano do sexo.

                     Iguais a dois animais,
                     juntos ou sozinhos,
                     fortes ou franzinos,
                     percorrem o mesmo caminho.

                     São como paredes nuas,
                     ou tortuosas ruas,
                     estradas viscerais cruas,
                     um é segredo... outra, o mistério.



       Amor selvagem     (03)


Nada melhor que varar madrugadas insones...
no calor do teu corpo febril e convidativo.
Nada melhor que duas mentes sem limites,
fantasiando tudo o que a natureza inventou.

Nada melhor que quatro mãos ávidas, 
explorando a insanidade do sexo selvagem...
despudorado, visceral e profano,
explodindo corpos e mentes, em frenesi desbragado.

Nada melhor que te ouvir loucamente sussurrar...
palavras obscenas e desconexas,
misturando lucidez do amor e insensatez da paixão,
num instante de puro êxtase.

Nada melhor que o coito imoral, rasgado e mordido...
nada igual à sensação da entrega, sexo e prazer,
conjugados num mesmo ser.
Nada melhor que... VOCÊ em mim e EU em você.



    O Banho    (04)

Olhos fechados...
pensamentos a ermo,
água morna aquece o desejo,
a libido aflorando.

Como num flash,
reescrevo momentos vividos,
teu corpo sensual e nu...
surge na imaginação.

Mãos ágeis, ligeiras...
percorrem segredos e mistérios,
explorando teus contornos,
em cada pedaço do caminho.

Seios eriçados...
sugados e mordidos,
exalam o gosto do pecado,
e sabor da maçã.

Coração acelerado,
respiração ofegante,
pulsam veias intumescidas,
no calor do tesão.

Frenesi alucinante,
sintonia perfeita...
fico mais voraz,
viril... intensamente rijo.

Sinto tua boca, ávida...
envolvendo inteiro meu prazer.
Descontrolado...
me derramo em êxtase.

 

 

          69          (05)

Se a dois o clima esquenta...
e uma só língua se move,
o Tesão cresce e arrebenta,
num frenético meia nove.

 

 

     Carícias na duchinha     (06)

Mulher criativa  e exímia amante...
por vezes, tem prazeres... sozinha,
permutando o macho arrogante,
pelas carícias da infalível duchinha.

       

 
    Beijo Grego      (07)


Fazer amor sem preconceitos,
desperta o mais secreto desejo,
transgride costumes e preceitos,
nas travessuras do Beijo Grego.



      Tesão     (08)

Explorarei tua nudez...
corpo inteiro duma  vez,
com tesão e avidez,
como jamais alguém fez.

 


                   Você e eu (devaneios)    (09)

              Quem é você que, sutilmente...
              rouba o controle das minhas emoções?
              Sou náufrago perdido,
              em mares revoltos e bravios!

              Quem é você que faz o tempo...
              correr meus pensamentos?
              Estando perto ou longe,
              faz de mim um joguete qualquer!

              Quem é você que me persegue...
              em noites insones?
              A paixão é intensa demais,
              para vivermos distantes assim!

              Quem é você por quem minhas mãos...
              procuram teu corpo sedutor?
              A vida é breve e passageira,
              para estarmos tão sozinhos!

              Quem é você que foge, sorrateira...
              sempre que te quero perto?
              Preciso ser forte e tenaz,
              para te buscar enquanto eu viver!

              Quem é você por quem sussurro...
              um desejo que dói?
              Machuca meu coração sensível,
              mas... leva-me a momentos de êxtase!


 Fêmea   (10)

Fogo em brasa...
sou ardente,
muito fêmea...
sangue quente.

Sou dengosa,
bem manhosa,
desejada,
sou gostosa.

Sou segredo,
sou o medo,
me desmacho,
nos teus pelos.

Eu me dou,
eu te quero,
vem pra mim,
qu'eu te espero.


Post Scriptum
 

Recentemente postei três séries de 10 poemas, cujo tema é o "amor entre o homem e a amada", que intitulei de antologias. São textos publicados anteriormente no RL ou em outras mídias. Decidi fazer o mesmo com poemas de versos mais sensuais e apimentados.

Em verdade, sempre tive dificuldade em definir essa linha tênue entre o que é sensual e o efetivamente erótico. Aliás, por uma certa timidez, tenho limitações em escrever textos assim. Mas, não sei construir nada que não esteja sentindo no momento, especialmente poemas. 

Sei que não tenho uma maneira ou um estilo único para elaborar meus escritos, seja em qual o formato. O primeiro poema que escrevi de cunho sensual foi uma letra de música para um "Festival da Universidade Católica", nos anos 80, quando era estudante de economia e jornalismo, em Recife.

Um amigo tinha lido alguns poemas meus e havia gostado da forma de escrevê-los. Ele era excelente violonista e tinha feito uma música muito bonita, mas, não gostava da letra original. Desafiou-me a compor algo mais palatável e ajustado à melodia. Após algumas tentativas, deixei-a "redondinha", segundo suas palavras. E sem que eu tivesse qualquer conhecimento sobre as notas musicais, terminamos fazendo o arrajo a quatro mãos. Sinceramente... "Ficou bonito!".

Uma amiga comum, defendeu a canção no festival. E, para nossa imensa surpresa, mansamente chegamos até a semi-final. Nossa "intéprete" foi uma das revelações naquele evento. Depois, se tornou uma cantora da noite pernambucana de algum sucesso, tendo gravado singles e Cds.

A letra tinha tinturas da canção de Chico Buarque, cantada por Marieta Severo e Elba Ramalho, "O Meu amor". Fiquei um tanto desconfortável, ao concluí-la, pois abordava uma relação de amor, paixão e sexo. A receptividade  junto ao público foi muito além do esperado, estímulando a construção de poemas com essa temátiva. Depois, em parceria, fizemos mais três músicas, sem a mesma repercussão. A êfemera dupla de compositores se dissolveu por falta de perspectivas e interesses.

Bom... com estes poemas faço uma singela homenagem à poetisa portuguesa, Florbela Espanca, que morreu muito jovem... aos 36 anos, na primeira metade do século passado. Era intensa em seus versos e teve uma vida amorosa muito conturbada. Seus poemas se voltavam para o amor, a saudade e o erotismo.

No Brasil, tornou-se conhecida através do poema "Fanatismo", musicado por Raimundo Fagner e gravado pelo próprio Fagner e por Zeca Baleiro.


 Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida …
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa …”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim! 

Antônio NT
Enviado por Antônio NT em 23/02/2021
Reeditado em 01/09/2023
Código do texto: T7190948
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