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PORQUE ESCREVO!!!


Noite de lua cheia e céu estrelado, deitado numa rede varandeira, na garagem da casa de meus sogros, lá naquela cidadezinha no semiárido piauiense, adormeci...
 

Em sonho, Deus apareceu pra mim e disse: "Meu filho ... criei o céu, a terra, a natureza. Tudo o que há de mais bonito na face do planeta é obra deste que vos fala. E, vou lhe dizer algo que nunca deverá esquecer: as duas mais extraordinárias criações do homem são as culturas 'Nordestina, do Sertão' e 'Grega, da Antiguidade' ... ".

E o grande arquiteto do universo continuou sua narrativa: " ... Você é poeta, contista, cronista, ensaísta, contador de história ... sem talento expressivo em qualquer manifestação da escrita. Mas, tem bom coração e ama sua gente. Então ... lhe deixarei grande missão no mundo das letras: fale sobre as estrelas que brilham na imensidão do céu e na lua que inspira poetas e enamorados, mas não esqueça da seca que tanto maltrata o sertão, da chuva que fertiliza o solo e a plantação, da amargura e da alegria do sertanejo em seus momentos de oração... valorize sua linguagem simples, seus hábitos de vida, suas crenças ... conte suas aventuras e desventuras, em versos e prosa ... escreva causos que retratem a vida dessa gente sofrida e lutadora".

Assim, mesmo com minha visíveis limitações literárias, venho tentando cumprir  essa missão divina!!!

 

 

Antônio Rodrigues de Carvalho Neto  

 

 

A seca e a corrupção

Por que tão seco o sertão?
Decerto é deserto,
com o sol queimando tudo,
sem direção...
e nada disso é 'certo',
o sertanejo sofrer tanto,
sem solução!

Açudes vazios,
rios sem leitos,
poços sem água,
sonhos desfeitos,

... terra queimada!

Oh ... que triste sina...
a seca tudo extermina,
dizimando a plantação,
a semente murcha e encolhe,
o gado não resiste... morre,
viver... só o milagre, pode!

Enquanto a grana é desviada,
com tanta obra inacabada,
é mais um ano sem colher nada,
nessa triste terra arrasada!

O retrato dessa paisagem é cruel,
a caatinga tem o amargo de fel,
é a dor do destino ruim,
uma pobreza intensa e sem fim,
da sorte o sertanejo clama, assim...
"Ó Deus, meu Deus... cuida de mim!"