MOMENTOS A DOIS

Abre o teu pombo sobre o meu corpo.

E, sobe vagaroso pela minha pele,

como se me estivesses

a criar do nada.

Navega a tua ternura

sobre os meus olhos fechados.

Sobre as pálpebras que cerro,

para sentir teus lábios em silêncio.

Chega ao recanto mais oculto do meu rosto,

como as caravelas de outrora portuguesas.

A costa inexplorada de um para lá inexistente,

trazendo capitães e missionários.

Dá-me teu crime e tuas insânias.

Espelho, vidros de murano,

e o bafo transparente dos crepúsculos,

nas cidades perfeitas que habitaste.

Agrada-me ter na lembrança...

...Teus seios morenos, duas frutas mornas,

dois ramos perfumados,

ramos onde adormece o meu rosto sonâmbulo de ciúmes.

O sonho que antevejo,

e que advinho perdido?

Não me perguntes nada.

À noite nossos quartos são claros como uma tarde!

*

(...Não sou poeta e aprendi a amar...)

*

*

T@CITO/XANADU

Paulo Tácito
Enviado por Paulo Tácito em 28/04/2020
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