ESSES HOMENS

I

Mirem-se naqueles homens

Fustigados a esperar as águas de março

Implorando carícias molhadas

Das línguas de sal

Nas cadenas do amor

Em brasa para se sentirem

Na sudorese da pele que deslisa

Nas fronteiras do ardor.

II

Ah! Que me venha um desses homens

Beijar-me com hálito de hortelã

Na cor púrpura das campinas

Pelo arama da flor da cúrcuma

Porque esses homens serenos

São tímidos e achegam-se

E ao sorrirem com olhar soslaio

Tornam-se cativos para o amar...

III

Mirem-se nas lágrimas que brotam

Esses homens que ao chegarmos perto

Perfumam-se com verbena

E seus cheiros de mata virgem

Despem-se para envolverem-se

No fogueira das vaidades

Encontrando-se nas águas

Não só de março

Um eterno ano

Em um ciclo mágico.

IV

Se não fôssemos aqueles a buscar o leite

Derramado em chão de giz

Não poderíamos escrever sementes

Pelas paixões dos porquês

De sermos nós e estarmos sós

Com àqueles homens de amor.

Sérgio Gaiafi
Enviado por Sérgio Gaiafi em 29/07/2019
Reeditado em 21/08/2019
Código do texto: T6706978
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