Confusão Poética

O que quero ainda não sei

Nem mesmo sei se quero

Quero!

... Te quero muito.

Mas

Não sei ao certo "o que" quero!

... Quero carícias do vento na minha face

Corada de excitação pelo momento?

Quero beijos loucos, arrebatadores

nesta tarde quente.

Gotas de suor na testa...

Gozo eminente

E a loucura estilhaça os vidros da joalheria

Quero mesmo sucumbir à isso tudo?

Tudo

e

tanto!

( E enquanto)

Cai a joalheria!

.......................................

E o que tenho eu com a joalheria?

E o que tenho eu com as mãos sangrantes ante o vidro mudo?

........

Quero mãos ávidas à roubar minha paz

Minha quietude

Plantando gemidos na minha boca entreaberta.

Forçando caminho por entre minhas veredas...

...Umedecendo meus olhos

e minhas cavidades.

Mas se tal é o que eu quero?

Porque o refuto quando o recebo, assim...

...Doido por mim?

Não.

Estou ( sou) confusa.

Não sei o que quero de ti

Não sei o que quero para mim.

Nem mesmo sei se quero algo.

Não.

... Sei que não sei de nada!

Eis á conclusão a que cheguei.

E tanto...

E quanto quero o teu corpo sobre o meu...!

E os últimos cacos se despejam ao longo da rua estarrecida,

tingida do carmim da dor que dilacera, estupefata.

Tudo

enquanto rabisco estes versos

nesta tarde de verão

Mas não sei...

...Eu não sei

de nada.

Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 10/05/2017
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