Exortação

.Peço-lhe um poema imenso,

finja que o mereço, sim;

Que seja profundo e denso;

há desamor que é assim!...

E se algum valor houver,

imagine que não mereça

Não o queira descrever

faça outra coisa qualquer

o que lhe der na cabeça:

Ao instinto de mulher

Junte outro que desconheça.

Diga e faça o que souber;

até ciúmes!... Enfim.

Os desgostos que entender;

mesmo lembrança ruim.

Dê-lhe as voltas que quiser,

se tiver ar de mulher

é o ideal para mim

//

Dou-te este poema imenso

que comecei há um ano

está na planta do pé tenso

com uma orelha de abano

é tão belo como o vento

a perfumar o recinto

até parece um lamento

de Lisboa a Rio Tinto

fui buscar o fio dental

p’ra o ajudar a compor

num versinho sem igual

um sentimento com dor

mas dói-me agora prudente

o meu querido cotovelo

amanhã será diferente

talvez mulher seja ao lê-lo

então talvez nem acabe

e tu assines sem fim

aquilo que ninguém sabe

decerto o pior de mim

pois é, sou eu, esta mania fútil, rasa, pequena

de desenhar portas para fugir

do castelo da pena

M Conceição RoqueSilveira/Sfich

sfich
Enviado por sfich em 06/01/2017
Reeditado em 06/04/2017
Código do texto: T5874061
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