BRUTAL

Com fúria febre  rouca e louca
Rasgo de ti os tecidos fracos
Sufoco com beijos tua boca
Ávido até deixar-te em cacos
 
Sublimo de ti a certeza
De que vencerás os embates
Não venho disposto à leveza
Te rasgo as entranhas e lates
Afirmo gostas de rudeza
 
Te acavalo em lascivo conluio
Não deixo em ti um suspiro
Quase engasgo até mio no cio
Murmuro nos ouvidos e respiro
 
Sementes grudentas e olores
Se espalham em carnes e lanhos
A luxúria nos torna doutores
Em riscos furtivos tamanhos
Exortamos quaisquer temores
 
Enfim libertos da fome medonha
Desmaiamos pelo bruto enlace
Depois com cara de pamonha
Adormecemos face a face
 
Ao acordar vemos o tamanho do estrago
Doloridos no leito estranhamente desfeito
Só nos resta o sabor do pecado e engasgo
Nos entendemos plenos dentro do peito
Sabemos que não temos jeito está feito

 
Cristina Gaspar
Rio de Janeiro, 27 e junho de 2015.
Cristina Gaspar
Enviado por Cristina Gaspar em 27/06/2015
Reeditado em 27/06/2015
Código do texto: T5291660
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