CONSUMAÇÃO DO AMOR


 
 
As nossas comichões oriundas do desejo incontido da carne comandavam o império dos sentidos, nos levando ao extremo da entrega brusca nada mais querendo a não ser atingir o clímax como dois animais quase irracionais no limite do cio. 

As   mãos,   dedos,  línguas,   bocas,  lábios,   membros  e  órgãos genitais se  revezavam automaticamente  na  libidinagem  de  dois  corpos  sexualmente gulosos.

Aquela  intensa  e  ininterrupta  copulação  nos  deixava  exaustos  e  quase desfalecidos, porém  conscientes  e  de olhos  bem  abertos  e  vivos, ainda que esbugalhados, olhávamos  um  para o outro  com  muito amor, bastante realizados e felizes. 

Afinal, o coito  quando  desejado  e  praticado  por  dois seres que se amam verdadeiramente permite  o  regozijo  da carne e do espírito. Nada existe de tão sublime quanto à entrega e o exercício do amor na sua plenitude.

Assim  viajamos  os nossos  corpos  intensamente, neles  explorando  cada detalhe possível e imaginário das nossas mentes famintas. 

As  nossas  mãos  às  vezes  bruscas  e  impetuosas  e  ao  mesmo  tempo frágeis, tímidas  e  delicadas  percorriam  sorrateiramente  cada  ponto dos órgãos  e epidermes mais  excitados  e  eróticos buscando enfim o prazer incontido da carne.

Num frenesi de entrega mútua, engalfinhados como uma simbiose, sentíamos  cada vez mais os nossos corpos adentrarem as  nossas próprias entranhas, atingindo o âmago dos espíritos  sem quaisquer restrições.  

O nosso  gozo  se  repetia infinitamente sem que percebêssemos.  Era o amor que se consumava entre nós.