Boca
Boca que beija,
Que chupa e morde,
Nos lábios ajeita,
Com a língua engole.
A tosse que cospe,
Sua cabeça sacode,
Os ombros encolhe,
Uma baba... escorre.
Cada gosto é um hábito,
Que na pressa do hálito,
Cria um perfume cálido,
Algo próximo do chamado.
Na censura dos dentes cerrados,
Raspando o esmalte desgastado,
Daquele roto sorriso amarelado,
Como memória de seus cigarros.
Em cada mordida mutila,
Esquartejando frutos proibidos,
Sulcando a passiva comida,
No canibalismo de outros bichos.
Seus vícios de boca em boca,
Na saliva de sêmen que enjoa,
Um lacre rompido como polpa,
Degustando essa paixão louca.
Nos mistérios da cavidade bucal,
Absorvendo a vida de forma brutal,
Feito um deus glutão sem igual,
Fazendo inveja a Chronos, pai mal.
O toque em outros lábios vaginais,
Nas delícias de prazeres sensuais,
No ritmo da dança de antigas vestais,
Compondo a música de gozos orais.