(H)Afins
Os lábios dos dedos engolindo palavras
os gestos das falas que ardiam labaredas
sorvendo absinto
como dragões meteoros desenhados na pele das costas
das mãos
As línguas se tocam numa guerra santa
por vocação
os olhares inquisidores dos teus sorrisos
alimentam-se dos gemidos fartos e
expressões de gozo contido prestes a florescer
Besta fera a invadir pensamentos
revelar desejos do teus abismos
- sorrindo calmaria nas tensões -
como se o tempo não esvaísse
dos ponteiros perplexos imantados no relógio de parede dos teus labirintos... segue tateando rastros dos teus infindos por quês
E a madrugada se esvai pelas arestas todas e recomeça
entre tuas roupas insubordinadas caídas ao chão
tuas pernas semi nuas
semi abertas
criam sinuosas vertentes - rastros abertos a dentes e saliva
Teus dedos arqueados contraindo a trama dos fios
dos cabelos aos lençóis.
e teus olhos em êxtase tentam em vão se refazer
mas as lembranças na retina - do que não era permitido até ontem
estão agora estampadas nos versos
Mas o tempo é o agora e o aroma transmuta o ambiente
a calmaria fica por conta dos barcos lá fora
não aqui, entre mim e você
onde as velas eriçam-se sôfregas ao toque do hálito quente
na vingança consentida aos raios de sol
Rompem-se em suicídio ruidoso as cortinas voláteis
ante olhares e toques
a voz rouca que deflora
as pontas dos dedos nos lábios entreabertos
o olfato aguçado se expande e eles se absorvem noutras dimensões
Alquimia diluindo certezas entre porções inexatas de razão e querência
digitais na língua - hóstias da comunhão - sacia
almas em febre, - solo de cellos -
desaguando beijos
desbravando luas
atentando espelhos - estrelas
invocando ruas.