Tempos de escola 90/2000

Ir à escola era a parte mais entusiasmante do dia

Fazer fila, entoar os hinos cívicos, enquanto,

As bandeiras eram hasteadas no sol do Norte

Não era só uma obrigação a seguir

Mas sim, um hábito saudoso

Que nos imergia no orgulho de pertencimento

A terra amada, Oriximiná-Pará-Brasil

As castanholeiras compunham a paisagem escolar

Seus frutos travosos na boca

Complementavam a merenda na hora do recreio

Quando a zoada da campa estrondava

Corríamos para chegar na sala antes dos professores

Eles eram admirados, temidos, eram nossas referências

Nos exigiam sapiência em eras não digitais

Nossos recursos de pesquisa eram as bibliotecas,

As enciclopédias, os almanaques e os volumosos dicionários

Que saudade das provas com cheirinho de álcool

Feitas no mimeografo com papel carbono

Das manobras arriscadas para colar sem ser pego

De sentar no fundão e não reprovar

Fazíamos limpeza de dente com flúor, no auditório lotado

Às vezes, até obturações com a controversa amalgama

Que era escura e não caia por nada

E quem não se sentia aliviado de faltar

Em dia de vacinação com a terrível pistola?

Se a gente adivinhasse a falta seria coletiva

Pera, uva, mação ou salada mista?

Sem Tik Tok’s estes eram um dos recursos

Que nos integravam socialmente

E o que falar dos jogos internos e externos?

Até quem não curtia esportes

Se rasgava todo na torcida uniformizada

E os festivais marcavam calendário

Como exímias demonstrações de cultura regional

(Pássaros: O Irapuru e a Garça Branca)

Qual espoca não fugiu da sala de aula para gazetar

Na praça em época de festividades de Santo Antônio?

Ficávamos a patetar nas barracas de comida e dos marreteiros

Ah, os desfiles memoráveis de 7 de Setembro

Que aguçavam a rivalidade entre as bandas marciais

Hoje, somos gratos pelo tempo vivido

Em décadas áureas de inocência e paixão, romantismo

De natureza e liberdade, sonhos tangíveis

Nossa geração foi ricamente abençoada

A simplicidade dos passos não alterou nossa rota

E na caminhada da vida fomos felizes com o que tínhamos

Mas vale a qualidade do andar íngreme

Do que o vazio de uma trajetória plana.