AMOR, SUOR E MEMÓRIAS

AMOR, SUOR E MEMÓRIAS

 

Amor é se buscar construir,

Muitas vezes até sem carinho,

Mas quando pelo mundo eu sair,

Vou deixar o amor no caminho.

 

No alforje levarei meu afago,

E o respeito a quem partilhar,

Buscarei corrigir cada estrago,

Quando errei querendo acertar.

 

E o gibão terá couro curtido,

Para enfrentar todos espinhos,

E o cavalo de casco ferido,

Vai levar o meu corpo sozinho.

 

Se eu enfrentar toda a caatinga,

Como será o encontro com a onça?

Será mesmo no calor que castiga,

Ou será onde o sol me alcança?

 

Vou sangrar meu suor fedorento,

Pois comi meu jabá ressequido,

Com a gordura do velho jumento,

Charqueado em castelos antigos.

 

Foi assim que andei no cangaço,

Pois um dia eu cruzei o portal,

E surgi onde eu fui só despacho,

Por encruzas cobertas de sal.

 

Bem ali já não nasce juazeiro,

Muito menos a fiel barriguda,

E caqui, só brotando em janeiro,

Onde o umbú se permite em fruta.

 

Do umbuzeiro me lembro da cabra,

E também de uma velha cascavel,

Quando andei por São Tomé e Lapa,

E meu quadro nem tinha o pincel.

 

Mas eu pinto as minhas memórias,

Misturadas às centelhas e ao mel,

Sendo o própolis de uma estória,

Que escrevi nas estrelas do céu.