Recife Em Dias de Chuva
A Região Metropolitana de Recife é densamente ocupada
Recife com seu território restrito
Cheio de várzeas constritas e morros residuais
Esta cidade é cheia de historias para os condenados da terra.
Tomara que não chova! Aqui, dia de chuva é um caos.
A várzea sucumbe e vêm os grandes alagamentos
Canais se dilatam, gerando transbordamentos.
Ninguém dorme!
Uma vez saturada a terra ocorrem os deslizamentos
Na Formação Barreiras
Aqui, é tudo aladeirado.
Encostas fragilizadas arremetem contra casas, árvores e humanos.
O susto é pouco pra quem foi esquecido no meu Pernambuco imortal!
Depois de alagada a avenida
O canal retificado revida
Extravasa água pluvial, lixo, esgoto e lama pra todo canto.
A consciência parou!
A tragédia anunciada denunciou
O agente que deveria estar presente
A omissão se instalou
Levou o suor e os poucos bens daquele que labutou
Pelo ralo da rede de esgoto ineficiente
Onde se mistura água da chuva, lixo e efluentes.
Aqui é assim, na terra da Veneza brasileira.
Terra dos altos coqueiros
De valor e estendal beleza
Nova Roma de bravos guerreiros
Precisa de uma seara vermelha.
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Dialética da Omissão
A vida não dá certeza
Há um movimento dialético profundo
Até mesmo a natureza
Altera-se a cada segundo
Oh, Geografia ingrata!
Vieram Ondas de Leste com calor, vento forte e pressão.
A chuva se concentrou sobre Recife, Jaboatão e Camaragibe.
O percurso das águas preencheu várzeas e colapsou topos convexos
A planície flúvio-marinha inundou
O rio transbordou
Espalhou a lama pra todo quanto é lado
A ação da chuva potencializou o fluxo
Encontrou uma vertente íngreme
Sob o efeito da gravidade
A terra sobre a encosta deslizou
Água e lama encontraram no seu caminho
Desatenção, descaso, casas!
Cadê o socorro?
Oh, mais uma vida perdida que a lama levou!
O grito ecoou
Houve estralo, a barreira desabou.
Meu Deus!
O grito silenciou na Vila dos Milagres, Areeiro, Curado IV, Jaboatão Centro, Paratibe e Jardim Monte Verde.
Quanta omissão demonstrou?
Poder público? Só se for pra cobrar imposto!
Persistem infraestruturas inadequadas na irregular ocupação
Inexistem o muro de arrimo e a rede de esgoto
O manejo das águas é uma ardilosa ficção
A água baixou e a humanidade parou!
Multiplicam-se os transtornos para a população
A reação é necessária
Daquele que labuta
A luta popular é o único caminho luminoso.
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Pernambuco: terra dos bravos guerreiros
Aqui é o coração do Brasil: Oh, Pernambuco imortal!
A chuva esse ano veio com força!
Silenciou o grito no Jardim Monte Verde!
Levou a paz daquele que labutou de sol a sol.
Esses morros, e vales, e rios.
Denunciaram a indiferença, a ganância e a covardia dos conquistadores que reproduzem batalhas cruéis contra os da terra!
Nossa! Deram trégua? Nunca!
O futuro incerto é possível?
A crença, a esperança e o brilho sempre fora ativo: para os guerreiros.
No passado, após lutar o infinito era a glória.
O povo nunca descansou.
Os brios do nosso povo: sentinela adormecida e sagrada.
Que defende os seus, no presente, és guarda com louvor.
A luta popular é o caminho para aqueles que sobreviveram!
Na terra dos altos coqueiros.
Poemas dedicado a todas as vítimas da chuva (na região metropolitana de Recife/PE) e pela omissão do governo federal, estadual e municipal. Escrito entre os dias 25 e 29 de maio de 2022.