O Que Digo do Recife Antigo
Sou interiorana do Agreste da Jetirana.
Não queira mudar o meu sendeiro!
Abram a avenida para a nova literata
Deixem meu verso ecoar!
A Rua do Bom Jesus é a mais bonita do Recife Antigo?
Antônio Maria lhe espera no circuito da poesia
Na Rua dos judeus, como é conhecida.
No Recife Antigo, o mensageiro falou: “Sua alma manifesta cultura”
Se a expressão toca o coração, é porque falo do meu trabalho com entoação.
A alegria é a manifestação dos traços e valores do meu povo
Aqueles que nunca tiveram voz!
Fui ao Recife Antigo falar desse acontecimento.
Recife Antigo é o berço poético na sua inconformidade, sua metade lama,
Que com lama podre se edifica nos versos de João Cabral de Melo Neto,
Ingrata para com os da terra, nos versos de Carlos Pena Filho,
No frevo de Capiba, Madeira de Lei que Cupim Não Rói,
Da Lama aos Caos, na música de Chico Science
O Recife de O Ciclo do Caranguejo, de Josué de Castro
O Recife da infância de Manuel Bandeira? Não conheço!
Conheço o Recife do Mangue, dos mocambos e das palafitas!
Em 2022, dois poemas, “O Que Digo do Recife Antigo” e “Recife do Mangue Beat”, foram selecionado para a Antologia: Poesia Fora do Eixo, da editora Toma Aí Um Poema (TAUP).
Recife do Mangue Beat
Recife é a Veneza Brasileira com suas belas pontes
Expendida na beleza do encontro do rio com o mar
Recife, berço cultural na tradição nordestina
Nas veredas da poesia popular, ela é braba e regional
Recife, na inconformidade de uma cidade lama
Na insularidade social, fez-se ilha e desigualdade
Recife se fez ponte sobre o mangue
Enaltecido no ritmo, no som e na melodia do Mangue Beat
O caranguejo com cérebro anunciou miséria e caos
Fruto de um movimento vivo
O manifesto que misturou o tradicional com o moderno
Assim, Recife deixou de ser marasmo cultural
Recife, poesia viva no circuito regional e universal de
Naná Vasconcelos, Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna,
Clarice Lispector, Celina de Holanda, Joaquim Cardoso e cia
Assim, nossa identidade nos faz regionalista.