OS SERTÕES DO MEU BRASIL
Do céu azul reluzia
O sol quente e brilhante,
Sobre as veredas, Luzia;
Pisava o solo escaldante.
Os lagartos saltitavam,
Os besouros arremetiam
Sobre o corpo derramavam
Toda terra que podiam.
E a menina descalça,
Entre pedra e espinho,
Via ao longe a fumaça
Do casebre em desalinho.
Passos lerdos; já cansada,
Dava pra ver a menina
De face desfigurada,
Toda curvada e franzina.
A pele o sol queimava,
Nos pés a sola ardia;
Quanto mais ela andava,
Mais o casebre sumia.
Torna-se tempo eterno
Pra todos lá nos Sertões,
A suplicar por inverno,
As custas de orações.
Reza a menina andante
Em busca de uma vida;
Sobre os raios alucinantes
Em uma terra esquecida.
Quem pode se esqueceu,
Se não, por lá se encerra,
O rico do bom comeu.
O pobre do pó da terra.
Chegará um certo dia,
Vindos de algum lugar.
Sejam João ou Maria
E bem altos vão gritar.
Que a proteção divina
Recaia sobre essa gente.
Homem, mulher ou menina,
Do agreste tão ardente.
Esse povo muito forte,
Brava gente, nunca hostil,
Sejam do sul ou do norte
Somos todos do Brasil.
Rio, 01 de setembro de 2007.
Feitosa dos Santos, A